22 de agosto de 2008

Mar grego

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"Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de tique tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavrasou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia, que nem dás por mim."
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Eugénio de Andrade.

4 comentários:

Oliver Pickwick disse...

Vi as fotografias dos posts anteriores. A neurologista que se cuide! ;)
Um beijo!

Moon_T disse...

muito bom



obrigado pela partilha

L. Santos disse...

Parece que finalmente encontrei o que procurava; uma neurologista. Na verdade , não é propriamente para mim, é mais para um amigo meu: o "totodasbersas".
Poderá constatar por si a razão de minhas preocupações.
Com muito gosto o seu blog, minha querida senhora!
Espero que não o deixe "morrer".
Parabéns!

L. Santos disse...

Combustível sócrates.

Depois dos óleos e da banha de porco, Eulálio Mortiço inventa motor que põe carro a andar a banha da cobra. Como sempre, este nosso incompreendido conterrâneo e Cientista livra-se das dificuldades da mesma forma com que desenvolveu o inacreditável motor; com muita lata. “ Cheguei à conclusão, depois de muitos testes, que a lata se adequava à leveza necessária para que o carro do futuro até flutuasse sem qualquer combustível e como a banha da cobra podia ser extraída da lábia caseira e mesmo de outras lábias com aditivos políticos, aquilo foi um ver se te avias que lá vai mais um”. A ciência, está provado, não cria modelos concretos que se ajustem à transmissão do pensamento em vez da correia de transmissão que não consegue impor um movimento rotativo tão elevado da cambota para o veio de ressaltos . Há quem afirme origens de actividades com pés e cabeça mas na verdade é a filosofia da vida sem sentido que leva um carro a mover-se num sentido qualquer logo que esteja com o depósito cheiinho da tal banha dos ofídios. “Há uns anos ainda tentei extrair energia do conto do vigário mas nem com a adição de essência de tramas e calote obtive grande coisa, pelo que decidi debruçar-me sobre outras formas energéticas de preferência renováveis” contou Eulálio Mortiço realçando o valor dos produtores de banha da cobra, os políticos,que dão camiões-cisterna de banhadas ao agradecido povo que aproveita para se ensaboar com sabonete do mesmo produto renovável e altamente inflamável (quando destapado ou descoberto) em qualquer feira, esquina ou comício. As grandes jazidas de Banha da Cobra, os Astrólogos, são fontes inesgotáveis de uma diversidade de derivados ao alcance de um potencial cliente candidato ao tal carrinho (ou carrão) revestido da melhor lata e com o venerado motor acondicionado numa simples cova de um dente molar. E aqui é que reside (5100, código postal) parte importante do segredo pela proximidade promíscua entre o dente e a língua promovendo um mecanismo de incessante matraquear pelos sete cotovelos que conjuga na perfeição o verbo banhar com o caiu-como-um-patinho, dando início a partir desse momento à abertura e fecho das válvulas de metano em perfeita sincronia com os pistons de ar.
A Associação Portuguesa de Homeopatia já comprou a patente a Eulálio Mortiço e garante estar em condições de divulgar uma data incerta para a comercialização destes motores aproveitando a medicina energética usando remédios que não provocam alergias, não causam efeitos secundários, não criam habituação nem curam a boa saúde, assegurando ainda que o motor estará sempre pronto para consumir outro tipo de energia sem que para isso seja preciso qualquer adaptador para derivados. “Qualquer verdade é inimiga destes motores pelo que a sua utilização equivale ao colapso com consequências nefastas para o motor” alertou o cientista Mortiço aconselhando as promessas de Sócrates para um desempenho perfeito, embora o preço seja de queimar as banhas e apertar a cinta do tanque de combustível devido à alta pureza e concentração de octanas, com uma octanagem superior a 200% em alguns casos.