4 de maio de 2008

Passagens

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"Que poderei de mim mais arrancar
P'ra suportar o dom da tua mão,
Anjo rubro do vento e solidão
Que me trouxeste o espaço,o deus e o mar?
No céu, a linha última das casas
É já azul, alada, imensa e leve.
Nenhum gesto, nenhum destino é breve
Porque em todos estão inquietas asas.
Depois ao pôr do sol ardem as casas,
O céu e o fogo passam pela terra,
E a noite negra vem cheia de brasas
Num crescendo sem fim que nos desterra."

Sophia de Mello Breyner.
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2 comentários:

jumpman disse...

"Nenhum gesto, nenhum destino é breve"

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Oliver Pickwick disse...

És expressiva e reconhecível. Apesar dos óculos ocuparem a metade do espaço da fotografia.
Um beijo!