27 de dezembro de 2008

Velinhas

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"A meio da espera, fechar os olhos e não ouvir nada, nada, nem os ruídos da noite. Dessa maneira, as coisas vêem-se muito melhor: um muro, as árvores, a cerveja, o riso, uma casa, um telheiro onde não chove, todas as coisas que não têm nome e são uma vida inteira por acontecer. Fechar a luz. Fechar os olhos."
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F. J. Viegas
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15 de dezembro de 2008

Everything Burns

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8 de dezembro de 2008

Além

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"Agora, que regressou o frio, a noite é ainda mais difícil. Eles pensam que ela significa apenas escuridão, aquele período entre a luz mais intensa e a que vem, como um aviso, trazer a insónia. Não é assim: há os ruídos da noite, as imagens que ela traz como um incêndio, todas as coisas do céu, todas as coisas do mar, uma lembrança, um esquecimento. A espuma das noites. Coisas que não se suportam, por estarem distantes."

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F.J.Viegas

5 de dezembro de 2008

Faces

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Sentires.
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1 de dezembro de 2008

Luzes na pedra

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"A recordação é uma forma de reencontro.
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O esquecimento é uma forma de liberdade."
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Kahlil Gibran

23 de novembro de 2008

Subindo com os corvos

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"Uma pele como de jasmim... Na noite
de Agosto... Era de Agosto?... Mal relembro
os seus olhos... Eram, suponho, azuis...
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Ah sim, azuis. Azuis como safira."
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Konstandinos Kavafis
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9 de novembro de 2008

Quase nada de místico

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"Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,
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e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:
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poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti."

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Ana Luísa Amaral
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5 de novembro de 2008

#29 Still going higher

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"Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía
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Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço
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Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo"
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Rui Veloso
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2 de novembro de 2008

19 de outubro de 2008

Tube @ a place called... ours

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"If I should die this very moment
I wouldn't fear
For I've never known completeness
Like being here"
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5 de outubro de 2008

Intervalo

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"Vida em câmara lenta,
Oito ou oitenta,
Sinto que vou emergir,
Já sei de cor todas as canções de amor,
Para a conquista partir.
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Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes…
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No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
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Vida à média rés,
Levanta os pés
Não vás em futebois, apesar…
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.
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Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes…
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No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
.
Não me deixes já
Historia que não terminou
Não me deixes…
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No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
O quadro minimal… Sou eu…
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No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Noticia do jornal
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O quadro minimal… Sou eu…"
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Perfume & Rui Veloso
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26 de setembro de 2008

O peso da sombra

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"Nem sempre o corpo se parece com
um bosque, nem sempre o sol
atravessa o vidro,
ou um melro cante na neve.
Há um modo de olhar vindo
do deserto,
mirrado sopro de folhas,
de lábios, digo."
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In "O Peso da Sombra",
Eugénio de Andrade.
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17 de setembro de 2008

Pequenas coisas

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"Que é preciso,
às vezes,
não acordar o silêncio."
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Albano Martins
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16 de setembro de 2008

A soul in tension thats learning to fly...

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"Above the planet on a wing and a prayer,
My grubby halo, a vapour trail in the empty air,
Across the clouds I see my shadow fly
Out of the corner of my watering eye
A dream unthreatened by the morning light
Could blow this soul right through the roof of the night"
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Learning to fly, Pink Floyd.
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13 de setembro de 2008

Movimento(s)

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"Não digas o teu nome: quem o não sabe
quem não sabe o teu nome de fogo
quem o não viu entrar na sua noite
de pobre animal doente e tomar conta dela
mesmo só pelo espaço de um sonho
-
O teu nome
até os objectos o sabem
quando nos pedem um uso diferente
os objectos tão gastos tão cansados
da circulação absurda a que os obrigam
-
As coisas também gritam por ti."
-

-
Alexandre O'Neill

4 de setembro de 2008

Ruas

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"Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-me comigo
quero eu dizer:
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda."
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Eugénio de Andrade

29 de agosto de 2008

A noite o que é? Perguntas imensas.

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"Dizem-se mais coisas. Como é que pôde haver tanto silêncio, antes? A meio da noite não faças muitas perguntas, o mundo muda de lugar com muita facilidade. Um dia estaremos num país; passaremos a fronteira ao entardecer, à procura das estradas. Uma voz. Postais ilustrados. Segredos. Respostas à procura de perguntas. Viver de passagem, a meio da noite, só a meio da noite, o fim do Verão leva tudo, há-de trazer tudo no mesmo instante."
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Francisco José Viegas.

22 de agosto de 2008

Mar grego

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"Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de tique tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavrasou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia, que nem dás por mim."
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Eugénio de Andrade.

13 de agosto de 2008

Recanto

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"Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és."
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Manuel Alegre.
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3 de agosto de 2008

Um dia branco

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"Dai-me um dia branco, um mar de beladona
Um movimento
Inteiro, unido, adormecido
Como um só momento.
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Eu quero caminhar como quem dorme
Entre países sem nome que flutuam.
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Imagens tão mudas
Que ao olhá-las me pareça
Que fechei os olhos.
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Um dia em que se possa não saber."
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Sophia de Mello Breyner Andresen
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30 de julho de 2008

Pretextos para fugir do real

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"A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos


(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação.

É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero.

Basta-me fechar os olhos)

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Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
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Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos."
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Alexandre O´Neill

26 de julho de 2008

Detalhe

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"Por detrás de cada flor
há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.
Podia estar à frente ou estar ao lado,
mas não, está colocado
exactamente por detrás da flor.
Também não está escondido nem dissimulado,
está dignamente especado
por detrás da flor.

Abro as narinas para respirar o perfume da flor,
não de repente (é claro) mas devagar,
a pouco e pouco,
com os olhos postos no chapéu de coco.

Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,
protege-me com o seu amor.
Ele sabe que a flor pode ter espinhos,
ou tem mesmo, ou já teve,
ou pode vir a ter,
e fica triste se me vê sofrer.

Transmito um pensamento à flor
sem mover a cabeça e sem a olhar
De repente,
como um cão cínico arreganho o dente
e engulo-a sem mastigar."
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António Gedeão.
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20 de julho de 2008

Reflexos

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"A tarde fria arrasta-nos para dentro da cama.
Aos poucos deixamo-nos ficar..., por ali.
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Fixo a fraca coluna de sol mergulhar pelo vidro da janela...

e sustentar-se friamente no soalho silencioso.
As tuas costas flutuam amparadas no colchão.
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Lentamente deixas cair o braço para fora da cama.
Sorrio não só por te sentir adormecida
mas também por a tua pulsação ser como uma balada,
- o seu refrão será sempre um refresco -
e as suas melodias ainda que electrónicas
estarão sempre à nossa espera.
nos head-phones abandonados
sobre a mesa de cabeceira."

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João Miguel Queirós

29 de junho de 2008

Cores de aqui

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"Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade."

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in "Anónimo Transparente - uma interpretação gráfica de Fernando Pessoa".

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21 de junho de 2008

Espaço

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"Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha."
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in "Anónimo Transparente - uma interpretação gráfica de Fernando Pessoa"
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18 de junho de 2008

Mind singers

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"You in the dark

.............................You in the pain

.......................................................You on the run

Living a hell...........................................................

Living your ghost...........................

Living your end"

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Bush, Letting the Cables Sleep

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14 de junho de 2008

Ditos

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"A arte tem valia, porque nos tira de aqui."
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in "Anónimo Transparente - uma interpretação gráfica de Fernando Pessoa"
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5 de junho de 2008

After all this time

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"I've still got your face

Painted on my heart

Scrawled upon my soul

Etched upon my memory, baby
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I've got your kiss

Still burning on my lips

The touch of my fingertips

This love so deep inside of me, baby

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I've still got your face

I've still got your face

Painted on my heart

Painted on my heart"

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1 de junho de 2008

Reconhecimento à Loucura

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"Já alguém sentiu a loucura
vestir de repente o nosso corpo?
Já.
E tomar a forma dos objectos?
Sim.
E acender relâmpagos no pensamento?
Também.
E às vezes parecer ser o fim?
Exactamente."
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Almada Negreiros.
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29 de maio de 2008

Estes e outros

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"Nem se chega a saber como
um inusitado sorriso,
um volver de olhos doentes,
um caminhar indeciso
e cego por entre as gentes,
chamam a si, aglutinam,
essa dor que anda suspensa
(e é dor de toda a maneira)
como o vapor se condensa
sobre núcleos de poeira.
É essa angústia latente
boiando no ar parado
como um trovão iminente,
que em muda voz se pressente
num simples olhar trocado.
Essa angústia universal,
esse humano desespero,
revela-se num sinal,
numa ferida natural
que rói com lento exagero.
Não deita sangue nem pus,
não se mede nem se pesa,
não diz, não chora, não reza,
não se explica nem traduz.
A gente chega, respira,
olha, sorri, cumprimenta,
fala do frio que apoquenta
ou do suor que transpira,
e pronto, sem saber como,
inútil, seco, vazio,
cai na penumbra do rio,
emerge, bóia, soçobra,
fácil e desinteressado
como um papel que se dobra
por onde já foi dobrado."

António Gedeão.

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23 de maio de 2008

D Day

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22 de maio de 2008

Ruídos

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"Ouve que estranhos pássaros de noite
Tenho defronte da janela:
Pássaros de gritos sobreagudos e selvagens
O peito cor de aurora, o bico roxo,
Falam-se de noite, trazem
Dos abismos da noite lenta e quieta
Palavras estridentes e cruéis.
Cravam no luar as suas garras
E a respiração do terror desce
Das suas asas pesadas."

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Sophia de Mello Breyner, 1975.

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17 de maio de 2008

Silêncio

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You would die for them?
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No, not for them. For you.
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For you.
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X-Men, The Last Stand.
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10 de maio de 2008

Caminho até ao fim

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"Lonely is the room, the bed is made, the open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep that will never come"
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Jeff Buckley's lyrics.
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7 de maio de 2008

Meia luz

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"Alguma vez soubeste o que é saudade,
que faz da nossa vida uma agonia?
Alguma vez no espaço dum só dia,
sonhaste percorrer a eternidade?"
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Marta de Mesquita da Câmara
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4 de maio de 2008

Passagens

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"Que poderei de mim mais arrancar
P'ra suportar o dom da tua mão,
Anjo rubro do vento e solidão
Que me trouxeste o espaço,o deus e o mar?
No céu, a linha última das casas
É já azul, alada, imensa e leve.
Nenhum gesto, nenhum destino é breve
Porque em todos estão inquietas asas.
Depois ao pôr do sol ardem as casas,
O céu e o fogo passam pela terra,
E a noite negra vem cheia de brasas
Num crescendo sem fim que nos desterra."

Sophia de Mello Breyner.
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30 de abril de 2008

Nesga

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"Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois factos existe um facto,
entre dois grãos de areia,
por mais juntos que estejam,
existe um intervalo de espaço
existe um sentir que é entre o sentir...
... nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo,
que é a respiração do mundo;
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos
silêncio."
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Miguel Torga
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29 de abril de 2008

Coisas e tempo

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"As pessoas que tu vês
No meio das avenidas
Todas procuram assentos
Já nem ligam ao dia-a-dia.

Os mendigos que se escondem
Nas arcadas divididas
Fumando definitivos
Deitando contas à vida

E se alguém notar
A tua indiferença
Diz-lhes que o acaso
É mera coincidência

Não há ninguém como tu
Tão diferente"
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João Pedro Pais.

27 de abril de 2008

Andanças

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"Não sou capaz de descrever como tal aconteceu, nem que circunstâncias nos levaram até ali, mas o momento ficou-me para sempre gravado na memória.
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Descrevê-lo é revivê-lo, embora jamais permita que alguém o sinta da mesma maneira. (...)
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Há mundos que ficam fora do mundo dos comuns por estarem fora do conhecimento vivido pelo conjunto dos cinco sentidos."
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[In Um Minuto de Silêncio]
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26 de abril de 2008

Verde Norte

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"Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado."

Sophia de Mello Breyner

22 de abril de 2008

No fundo

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"Não são pepitas de ouro que procuro.
Ouro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesouro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto."
Miguel Torga, 2001.
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20 de abril de 2008

Embalada

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"O Anjo que em meu redor passa e me espia,
E cruel me combate, nesse dia
Veio sentar-se ao lado do meu leito
E embalou-me cantando no seu peito.
Ele que indiferente olha e me escuta
Sofrer, ou que feroz comigo luta,
Ele que me entregara à solidão,
Poisava a sua mão na minha mão.
E foi como se tudo se extinguisse,
Como se o mundo inteiro se calasse,
E o meu ser liberto enfim florisse,
E um perfeito silêncio me embalasse."
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Sophia de Mello Breyner, 1947.

18 de abril de 2008

Sombra

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"Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela ...
Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!"
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Olavo Bilac, 1865-1918, Brasil.